Saúde

Doenças autoimunes e o papel do colágeno no organismo

As doenças autoimunes são um grupo de condições complexas e multifatoriais caracterizadas por um ataque mal direcionado do sistema imunológico aos próprios tecidos saudáveis do corpo. O colágeno, uma proteína essencial presente em diversos tecidos e órgãos, está intimamente ligado ao desenvolvimento e à progressão de várias doenças autoimunes.

O que é colágeno e suas funções no corpo:

O colágeno é uma proteína fibrosa que fornece estrutura, força e flexibilidade aos tecidos do corpo humano. É composto por três cadeias polipeptídicas entrelaçadas que se enrolam em uma hélice tripla, conferindo-lhe propriedades únicas de resistência e elasticidade.

Existem mais de 28 tipos de colágeno no corpo, cada um com funções específicas em diferentes tecidos.

Tipos de colágeno e sua distribuição no corpo:

  • Colágeno tipo I: Presente em ossos, tendões, pele e dentina.
  • Colágeno tipo II: Já o colágeno tipo 2 é encontrado na cartilagem articular e discos intervertebrais.
  • Colágeno tipo III: Presente nos vasos sanguíneos, músculos e órgãos internos.
  • Colágeno tipo IV: Componente principal da membrana basal que reveste as células epiteliais.
  • Colágeno tipo V: Presente na córnea do olho e na placenta.

Importância do colágeno para a saúde:

  • Fornece estrutura e suporte aos tecidos: O colágeno é a principal proteína responsável pela resistência e elasticidade da pele, ossos, tendões, cartilagens e outros tecidos.
  • Promove a cicatrização de feridas: O colágeno é essencial para a formação de novo tecido durante o processo de cicatrização.
  • Mantém a elasticidade da pele: O colágeno é responsável pela firmeza e hidratação da pele, prevenindo o aparecimento de rugas e linhas de expressão.
  • Protege as articulações: O colágeno presente na cartilagem articular ajuda a absorver o impacto e proteger as articulações do desgaste.

Doenças autoimunes e o papel do colágeno:

Em doenças autoimunes como lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide e esclerose sistêmica, o sistema imunológico produz auto anticorpos que reconhecem erroneamente o colágeno como um corpo estranho e o atacam.

Relação entre colágeno e doenças autoimunes:

  • Presença de colágeno em diversos tecidos alvo de doenças autoimunes: O colágeno está presente em muitos dos tecidos que são afetados por doenças autoimunes, como articulações, pele, vasos sanguíneos e órgãos internos.
  • Alterações na produção e no metabolismo do colágeno em doenças autoimunes: Doenças autoimunes podem levar à produção excessiva, à degradação anormal ou ao acúmulo de colágeno nos tecidos, causando inflamação, rigidez e danos teciduais.
  • Papel do colágeno na resposta inflamatória: O colágeno pode ativar o sistema imunológico e contribuir para a resposta inflamatória característica das doenças autoimunes.

Exemplos de doenças autoimunes relacionadas ao colágeno:

  • Lúpus eritematoso sistêmico: Uma doença autoimune sistêmica que pode afetar vários órgãos e sistemas do corpo, incluindo articulações, pele, rins, pulmões e sistema nervoso. O colágeno é um dos principais alvos dos autoanticorpos no lúpus.
  • Artrite reumatoide: Uma doença autoimune crônica que causa inflamação e deformidades nas articulações. O colágeno tipo II, presente na cartilagem articular, é um dos principais alvos do sistema imunológico na artrite reumatoide.
  • Esclerose sistêmica: Uma doença autoimune rara que afeta o tecido conjuntivo e causa endurecimento e cicatrização da pele, vasos sanguíneos, pulmões e outros órgãos. O colágeno tipo I e III são os principais alvos dos autoanticorpos na esclerose sistêmica.
  • Síndrome de Sjögren: Uma doença autoimune que causa secura nos olhos e na boca devido à inflamação das glândulas lacrimais e salivares. Embora o colágeno não seja o principal alvo nesta doença, ele pode estar envolvido na inflamação e no dano tecidual.
  • Dermatomiosite: Uma doença autoimune rara que causa fraqueza muscular e erupções cutâneas características. O colágeno presente nos músculos e na pele é um dos alvos do sistema imunológico na dermatomiosite.

Fatores de risco para doenças autoimunes:

Vários fatores podem aumentar o risco de desenvolver uma doença autoimune, incluindo:

  • Predisposição genética: Pessoas com parentes próximos que possuem doenças autoimunes têm maior risco de desenvolver a condição.
  • Fatores ambientais: Exposição a certos vírus, bactérias, produtos químicos e toxinas pode desencadear ou contribuir para o desenvolvimento de doenças autoimunes.
  • Hormônios: O sexo feminino tem um risco maior de desenvolver algumas doenças autoimunes, possivelmente devido às flutuações hormonais ao longo da vida.
  • Outros fatores: Idade, etnia e certos medicamentos também podem desempenhar um papel no risco de doenças autoimunes.

Sintomas de doenças autoimunes:

Os sintomas de doenças autoimunes podem variar muito dependendo da doença específica, mas alguns sintomas comuns incluem:

  • Fadiga
  • Dor nas articulações e músculos
  • Inchaço
  • Febre
  • Perda de peso
  • Manifestações cutâneas (erupções, vermelhidão, alterações na pigmentação)
  • Problemas pulmonares (tosse, falta de ar)
  • Sintomas neurológicos (dores de cabeça, fadiga cerebral, alterações cognitivas)

Diagnóstico de doenças autoimunes:

O diagnóstico de doenças autoimunes pode ser desafiador devido à ampla gama de sintomas e à sobreposição com outras condições.

  • Exame físico: O médico avaliará os sintomas do paciente e realizará um exame físico detalhado para identificar sinais de inflamação e outros achados característicos.
  • Exames de sangue: Testes laboratoriais, como hemograma completo, marcadores inflamatórios e autoanticorpos específicos, podem ajudar a diagnosticar a doença e identificar o tipo específico de doença autoimune.
  • Exames de imagem: Raio-X, tomografia computadorizada e ressonância magnética podem ser usados para avaliar danos em articulações, pulmões e outros órgãos.
  • Biópsias: Em alguns casos, pode ser necessária a retirada de uma pequena amostra de tecido para análise microscópica para confirmar o diagnóstico.

Tratamento de doenças autoimunes:

O tratamento de doenças autoimunes varia de acordo com o tipo e a gravidade da doença. O objetivo principal do tratamento é controlar a inflamação, aliviar os sintomas e prevenir danos teciduais.

  • Medicamentos imunossupressores: Reduzem a atividade do sistema imunológico para suprimir a resposta autoimune.
  • Anti-inflamatórios: Aliviam a dor, a inflamação e a rigidez articular.
  • Corticosteroides: Poderosos anti-inflamatórios usados em casos agudos ou graves.
  • Terapias biológicas: Agem em alvos específicos do sistema imunológico, oferecendo um tratamento mais direcionado.
  • Fisioterapia: Melhora a mobilidade articular, a força muscular y a função física.
  • Mudanças no estilo de vida: Alimentação saudável, atividade física regular, manejo do estresse e sono de qualidade contribuem ao bem-estar e à melhora da qualidade de vida.

Prevenção de doenças autoimunes:

Existem poucos métodos comprovados para prevenir doenças autoimunes. No entanto, manter um estilo de vida saudável pode ajudar a reduzir o risco geral de doenças crônicas, incluindo algumas doenças autoimunes.

  • Manter um estilo de vida saudável:
  • Alimentação equilibrada rica em frutas, legumes, verduras e grãos integrais.
  • Atividade física regular moderada.
  • Controle de peso.
  • Sono de qualidade e técnicas de manejo do estresse.
  • Evitar o tabagismo e consumo moderado de álcool.

É importante lembrar que este artigo não substitui o aconselhamento médico profissional. Se você suspeita que você ou alguém que conhece possa ter uma doença autoimune, consulte um médico para o diagnóstico e tratamento adequados.

Fonte:

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  • Candidíase vaginal;
  • Prevenção contra fungos;
  • Cândida: Infecção desenvolvida no pênis;
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Esses são alguns dos problemas em que o medicamento é utilizado para tratamento. É interessante ler a bula do remédio para se ter conhecimento sobre todos os efeitos, contraindicações, entre outras informações importantes e que envolvem o mesmo.

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Leia também: Insuficiência renal crônica afeta 15 milhões de brasileiros

Insuficincia renal crônica afeta 15 milhões de brasileiros; Apenas 100 mil sabem

Quinze milhões de brasileiros têm algum grau de comprometimento das funções renais, mas apenas 100 mil sabem. Essa é justamente a parcela da população que está em diálise e descobriu a doença tarde demais, somente quando sintomas como anemia, fraqueza, edema ou sangue na urina começaram a surgir. Silenciosa, a doença renal crônica caminha para se tornar uma das principais epidemias do século 21, na avaliação do diretor do Núcleo de Nefrologia de Belo Horizonte, José Augusto Meneses. Essa previsão ocorre justamente pela relação com outras enfermidades que a cada dia acometem mais brasileiros. “A hipertensão arterial e a diabetes são os principais fatores de risco para o desenvolvimento de doença renal crônica”, pontua o especialista.

Entre os 7 milhões a 10 milhões de diabéticos brasileiros, um terço deverá apresentar perda progressiva da função renal, segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). “Um em cada seis hipertensos também podem apresentar a evolução deste quadro. Hoje são 30 milhões no Brasil”, estima o presidente da SBN, Daniel Rinaldi dos Santos. Há que se considerar ainda a obesidade, o histórico familiar – não apenas de doença renal como também de diabetes e hipertensão – tabagismo, consumo de anti-inflamatórios não hormonais, dieta rica em proteína animal e sal e até o envelhecimento como agravantes para uma possível disfunção dos rins.

Conscientizar a população e preparar a saúde pública para diagnosticar precocemente um futuro quadro de problemas renais, está entre as principais armas da comunidade médica para conter o avanço da doença e onde estão concentrados os maiores esforços atuais da nefrologia. As medidas que estão sendo tomadas neste sentido estarão no centro das discussões do 27º Congresso Brasileiro de Nefrologia, que deve reunir duas mil pessoas no Expominas, em Belo Horizonte, entre hoje e sábado.

O grande incentivo para reforçar a campanha pelo diagnóstico antecipado veio do Ministério da Saúde, que publicou, em março deste ano, a portaria 389, que define os critérios para a organização das novas regras de atendimento aos pacientes. Elaborada em parceria com a SBN, a linha de cuidado da pessoa com doença renal crônica pretende transformar o diagnóstico precoce, o acompanhamento na atenção básica, e o direcionamento para as unidades especializadas em doença renal crônica em uma rotina do Sistema Único de Saúde (SUS).

“O profissional de atenção básica será orientado a fazer o diagnóstico através da interpretação dos exames de urina e creatinina. Nas fases iniciais, poderão adotar medidas para evitar a progressão da doença por meio do controle da pressão arterial, do diabetes, colesterol e proposta de mudanças de hábito”, explica Daniel Rinaldi. “Se o problema for detectado nas fases mais avançadas, ele irá encaminhar o paciente para uma equipe multidisciplinar que, além do nefrologista, ainda contará com psicólogo, nutricionista e enfermeiro”, acrescenta o presidente da SBN. Cerca de 1 mil profissionais já foram identificados e deverão passar por treinamentos ministrados pelas universidades parceiras.

Prevenção

Descobrir a doença antes que atinja a fase crônica e evolua para a diálise é fundamental na garantia de qualidade de vida do paciente – que passa a frequentar a diálise três vezes por semana – e desafogar o sistema de saúde pública. “Atualmente a diálise consome 3% do orçamento do Ministério da Saúde apenas para tratar essas 100 mil pessoas. São mais de R$ 2 bilhões por ano”, calcula Rinaldi.

Pessoas que se identificaram como integrantes dos grupos de risco devem fazer a sua parte. “É importante procurar um posto de saúde familiar ou um clínico e pedir que sejam feitos os exames”, orienta José Augusto. Um deles é o exame comum de urina no qual pode ser identificada a presença de proteína, um indicativo de que algo está errado. “O outro é o de dosagem da creatinina”, lembra Daniel.

Identificada precocemente, a doença pode ter sua evolução retardada e até evitada. “Para isso, o paciente deverá controlar a pressão, a glicemia e evitar excessos alimentares. Se fizer isso, pode ser que a doença nem mesmo evolua e, se isso ocorrer, será de forma mais lenta”, explica Rinaldi.

Avanços esperados

O Congresso Brasileiro de Nefrologia irá contar com a participação de especialistas e estudiosos do mundo todo em torno de temas importantes para a evolução do tratamento e diagnóstico. “Foi levantado recentemente que o cálculo renal, ou as pedras nos rins, é fator de risco para o infarto agudo do miocárdio, para diabetes e hipertensão. Pode ser um prenúncio para todas essas doenças”, afirma José Augusto Meneses, presidente do Congresso.

Segundo o especialista, esse elo começa a ser discutido com mais intensidade e pode ser um aviso do corpo para complicações futuras. “Essa relação é importante para que se tomem medidas preventivas e não apenas se trate o cálculo. É preciso fazer um estudo metabólico para saber a causa do problema e evitar o aparecimento dessas outras doenças”, pondera. Vale lembrar que diabetes e hipertensão são os principais fatores de risco para a doença renal crônica.

Outro tema que está em alta é a regeneração de células renais em células-tronco. “Com isso, teríamos condições de, ao invés de fazer um transplante, regenerar o rim. Os estudos ainda estão em fase laboratorial”, afirma José Augusto. As inscrições para participar do congresso poderão ser realizadas no local.

Técnica avalia chance de pacientes voltarem a ter pedra nos rins

A retirada de pedras acumuladas nos rins é um procedimento conhecido como doloroso e de alta incidência na população. Por isso, um medo de quem já passou pelo problema é que os cálculos surjam pela segunda vez. Para prever as chances de isso acontecer, pesquisadores americanos elaboraram um questionário que, ao abordar os hábitos comportamentais e o histórico de saúde dos pacientes, poderá ajudar os médicos a avaliar quais correm risco de desenvolver as pedras novamente.

Relatos de pacientes que se submeteram ao procedimento foram a principal motivação dos pesquisadores, que buscaram um modo de prevenir o cálculo renal recorrente. “Após a dolorosa experiência de uma cirurgia para retirar as pedras, muitos querem saber se é provável que isso aconteça novamente”, destaca Andrew Rule, pesquisador e médico do Hospital Mayo Clinic e um dos autores do estudo. Rule explica que saber dos riscos de o cálculo se formar novamente pode facilitar o tratamento. “Se soubermos quais pacientes apresentam grande probabilidade de ter outra pedra no rim, então poderemos aconselhá-los melhor quanto a dietas e medicamentos capazes de prevenir o problema”, complementa.

O especialista explica que o cálculo é formado por pequenos cristais, que podem ser encontrados tanto nos rins quanto em outro órgão do trato urinário. Nesses casos, o cálcio presente no organismo pode se combinar a outras substâncias, como oxalato, fosfato ou carbonato, e formar pequenos cristais que, aglutinados, constituem o cálculo renal. Histórico familiar aumenta a propensão a desenvolver as pedras, além de hábitos como não beber muita água. Pessoas que vivem em regiões quentes ou que suam muito estão dentro do grupo de risco, assim como aquelas que ingerem dietas ricas em proteína, sal e açúcar.

Perguntas

Para elaborar o questionário, a equipe do médico analisou prontuários de 2.239 adultos que tiveram pedra nos rins, sendo que, desses, 707 retornaram ao consultório devido ao mesmo problema. Com as informações coletadas, os pesquisadores elaboraram 11 perguntas, incluindo dados a respeito de idade, sexo, histórico familiar, além de pontos específicos dos sintomas, como presença de sangue na urina. Os cientistas contam que, pelas respostas, é possível saber com precisão a probabilidade de uma pessoa ter uma outra pedra renal sintomática em dois, cinco ou dez anos após a primeira ocorrência. “Estamos focados em pacientes que, anteriormente, tiveram apenas um episódio de cálculo renal. Aqueles que passaram por diversas ocorrências já estão em alto risco”, complementa Rule.

Para Daniel Rinaldi dos Santos, presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), o questionário dos cientistas americanos pode auxiliar os médicos da área. Ele diz que, no Brasil, frequentemente os profissionais já adotam uma estratégia semelhante. “A diferença é que, agora, teremos uma pontuação, que pode apontar as chances de o paciente desenvolver a doença novamente, em níveis percentuais”, destaca.

Santos acredita que o questionário pode ser uma ferramenta de ajuda na área médica, mas alerta que, caso venha a ser adotado no Brasil, precisa ser adaptado para as características do país. “ A forma pela qual você avalia cada paciente é diferente e necessita de parâmetros baseados nos costumes locais. Sabemos que até a temperatura ambiente pode influenciar a incidência da doença. No Brasil, por exemplo, temos que considerar o clima quente, que agrava o cálculo renal. Já a alimentação, nos EUA, é diferente; os americanos consomem mais refrigerante, o que também provoca a doença, e aqui já não temos esses números altos do consumo de bebidas doces”, exemplifica.

Maria Letícia Azevedo, nefrologista e coordenadora de transplante renal do Hospital Santa Lúcia, também acredita que a pontuação fornecida pelo sistema desenvolvido pelo Hospital Mayo Clinic poderá ajudar a prever uma segunda ocorrência de cálculo renal. “Já sabemos que, ao ter um histórico familiar de pedra nos rins, as chances de alguém desenvolver o problema de forma recorrente são grandes. Essas são perguntas que nós abordamos em consultório médico, porém, com o auxílio de uma pontuação mostrada nesses normogramas (nome que usamos para definir esse tipo de questionário), teremos formas de elaborar gráficos que mostrem dados mais pertinentes quanto à doença”, destaca a especialista.

Ela também diz que, devido à alta ocorrência da doença, o acompanhamento periódico dos pacientes pode ser prejudicado, principalmente na rede pública, onde a espera por consulta é maior. “Temos muitos pacientes nessa situação. Por isso, é importante ter ferramentas que facilitem essa avaliação. Qualquer iniciativa que ajude a diminuir a dor dos pacientes é bem-vinda”, avalia.

Acompanhamento

A preocupação com a dor pode fazer com que as pessoas fujam das consultas médicas. Esse pavor, combinado com a negligência com a alimentação após a cirurgia, por exemplo, contribui para o surgimento da segunda pedra, destaca Maria Letícia Azevedo. “Seguir as recomendações médicas após a cirurgia, como beber água e adotar uma dieta sem gorduras, é essencial. Além disso, é preciso voltar ao consultório para acompanhamento. Muitos pacientes somem”, conta a especialista. Daniel Rinaldi dos Santos também destaca que o retorno frequente ao consultório médico é essencial para prevenir o sofrimento decorrente do cálculo renal. “Todos os indivíduos que passam por esse problema precisam de acompanhamento e de mudança nos hábitos, principalmente nos alimentares”, reforça.

O próximo passo dos cientistas americanos é testar o questionário, que está disponível para médicos em uma rede on-line, em pacientes que já tiveram pedra nos rim e que têm predisposições a desenvolver o problema novamente. “Queremos encontrar variáveis adicionais que podem aumentar a utilidade dessa ferramenta no futuro”, acrescenta Andrew Rule.

Estudo mostra que é possível prever quais pacientes com lesão renal aguda podem desenvolver problemas graves nos rins

De acordo com um estudo publicado no Journal of the American Society of Nephrology, em fevereiro 2015, é possível prever quais pacientes com lesão renal aguda (LRA) poderão desenvolver problemas graves nos rins e até mesmo morrer em decorrência deles. No trabalho, Lakhmir Chawla, pesquisador da Universidade George Washington (EUA), Jay Koyner, da Universidade de Chicago (EUA), e a equipe liderada por eles analisaram 77 pacientes com LRA. A intenção era detectar quais deles necessitariam de diálise.

Os estudiosos descobriram que o teste de estresse à furosemida (FST, na sigla em inglês) e a medida da produção da urina podem ajudar os médicos a fazer um diagnóstico precoce do agravamento do quadro. A furosemida é um diurético processado pelos rins e utilizado para avaliar a funcionalidade deles. Quanto mais substância for expelida pelo paciente, melhor o funcionamento do sistema renal dele.

“Nesse protocolo padronizado, fomos capazes de determinar quais pessoas podem ou não necessitar de diálise por insuficiência renal aguda de um a três dias antes do tempo”, disse Chawla. Ele nota que a utilização do FST para avaliar a gravidade da LRA é semelhante ao modelo usado em pacientes com angina cardíaca ou dor no peito, em que marcadores como a troponina são usados em conjunto com um teste de exercício de esforço.

Da mesma forma, quando o FST foi usado com os marcadores de LRA, houve melhora notável nas previsões de doentes que necessitariam da diálise. As conclusões do estudo, entretanto, precisam ser confirmadas e ampliadas para uma amostra maior de pessoas.

A LRA é uma síndrome clínica com morbidade e mortalidade significativas. Os doentes que desenvolvem a enfermidade necessitam, geralmente, de diálise, mas, muitas vezes, os médicos discordam sobre o momento ideal para realizar o procedimento, que é invasivo e tem riscos inerentes. Retardar o procedimento, porém, pode submeter o paciente a consequências graves. Daí a importância de existência de um teste que preveja a probabilidade de a doença progredir para um estágio mais grave.

Prevenir doenças renais pode ser bem simples

Medir os índices de creatinina no sangue é uma maneira simples de saber se os seus rins estão funcionando normalmente. O exame, de baixo custo, coberto pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pode evitar ou retardar o avanço da insuficiência renal, doença silenciosa cujos sintomas se manifestam em estágio avançado, na maioria das vezes em fase de diálise ou transplante renal.

O presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Daniel Rinaldi dos Santos, esclarece que a creatinina serve como marcador para avaliar a capacidade de filtração dos rins. Para afastar as doenças renais, deve-se evitar o excesso de sal e o consumo de carne vermelha e gorduras, manter um peso saudável, fazer exercícios regularmente, não fumar e controlar a pressão arterial e o diabetes.

Calor pode aumentar risco de formação de pedra nos rins

O calor intenso do verão, o aumento da transpiração e a baixa ingestão de água são os principais responsáveis pelo aumento do risco de formação dos cálculos renais, ou pedra nos rins. Mudar a alimentação e beber líquidos regularmente e observar a coloração da urina são algumas medidas que podem evitar o problema, explica Fábio Vicentini, urologista do Centro de Referência para a Saúde do Homem, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

Segundo Vicentini, os casos de cálculo renal aumentam 30% nos períodos mais quentes do ano. Apesar de ter maior incidência nos homens, o especialista alerta que todos devem adotar as medidas para cuidar da saúde dos rins. “A dieta ideal inclui primordialmente o aumento da ingestão de líquidos – cerca de dois litros de água por dia e de sucos de frutas cítricas –, associado à diminuição do uso de sal nos alimentos. As refeições diárias devem conter mais verduras, legumes, frutas e saladas.”

É preciso ainda estar atento quanto ao consumo de frutos do mar, porque apresentam índice elevado de ácido úrico, um dos responsáveis pelo desenvolvimento dos cálculos renais. Além disso, é recomendável reduzir as frituras e o consumo de carne vermelha no período de calor.

Segundo Vicentini, mais de 15% da população mundial apresenta cálculos renais e a maioria (85%) consegue expelir as pedras naturalmente, pela urina. “A maneira mais fácil de monitorar a hidratação ideal do corpo é observarmos a coloração da urina. Quanto mais transparente estiver, melhor. Se estiver com aparência amarelada e escura, é sinal de que o corpo precisa de mais líquidos para manter-se hidratado, longe dos cálculos renais”, disse.

SUS inclui novos procedimentos para tratamento de doença renal crônica

Portaria do Ministério da Saúde publicada em abril de 2014 no Diário Oficial da União inclui na tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) novos procedimentos para o tratamento de pacientes com doença renal crônica.

Os procedimentos incluem exames como dosagem de sódio, dosagem de hormônio tireoestimulante (TSH), dosagem de tiroxina (T4), ultrassonografia do aparelho urinário, cultura de bactérias para identificação, hemocultura e eletrocardiograma.

Em março, uma portaria do ministério ampliou o atendimento à pessoa com doença renal crônica. A partir de 2014, serviços de nefrologia, que atendiam apenas pacientes em estágio avançado, podem se habilitar também para o atendimento de pacientes em estágios iniciais, com acompanhamento ambulatorial e realização de exames periódicos.

A doença renal crônica se caracteriza pelo mau funcionamento dos rins, responsáveis por filtrar e tirar impurezas do sangue. Dados do governo indicam que o problema é silencioso, já que cerca de 70% dos pacientes que entram para diálise não sabiam que estavam com a doença. Em parte dos casos, é preciso passar por um transplante de rim.

Caminhar pode ajudar no combate a infecções em doentes renais

Um número moderado de exercícios físicos pode ajudar doentes renais a evitar infecções e problemas cardiovasculares, concluiu estudo publicado por uma equipe de pesquisadores da Unidade de Investigação Biomédica sobre Dieta, Atividade Física e Estilo de Vida de Leicester-Loughboroug.

Após seis meses de caminhadas de meia hora, cinco dias por semana, as 20 pessoas observadas tinham os sistemas imunológicos mais fortes, em comparação com o mesmo número de pessoas sem essa atividade física, menciona artigo publicado no Jornal da Sociedade Americana de Nefrologia (ramo da medicina que estuda os rins e o tratamento de doenças renais).

O pesquisador português João Viana, que participou do trabalho, disse à Agência Lusa que o estudo foi feito com pacientes que têm doença crônica renal em estado avançado, que necessitam de diálise ou transplante de rim e quando o risco de infecções com consequências cardiovasculares é maior.

Embora essa terapêutica não tenha impacto direto na doença, “os benefícios são imensos”, pois podem melhorar a qualidade de vida e o declínio da condição física desses doentes, disse Viana, que trabalha atualmente na Escola de Desporto, Exercício e Ciências da Saúde da Universidade de Loughborough, em parceria com o hospital de Leicester.

Os resultados do estudo contribuem para a teoria de que “o exercício físico tem um potencial anti-inflamatório”, não tendo sido encontrados sinais de que possa ser prejudicial ao sistema imunológico, enfatizou.

O trabalho foi feito por meio de parceria entre a Universidade de Loughborough e os hospitais universitários de Leicester, que estudam o papel do exercício físico na gestão e prevenção de doenças crônicas.